segunda-feira, 9 de outubro de 2006

É fácil ser demagogo. A demagogia é um termo nada bonito pela carga pesada que ostenta.
Pois bem, Marques Mendes arrisca-se a receber o prémio de maior demagogo neste ano de 2006.
Vem isto a propósito da missiva que acaba de enviar aos autarcas laranjas onde, não só recorda a "retumbante vitória" como de igal modo aproveita para acusar o executivo de "afrontar" o poder local, dizendo-se solidário com a luta dos autarcas.
É fácil fazer demagogia, o difícil é ser-se oposição séria e credível.
O que me deixa perplexo é que no fundo ele concorda com a Lei, só que não pode desagradar a Alberto João Jardim e aus autarcas do PSD, isto porque não quer ser apeado do lugar de presidente do PSD.
Mas esta história está a deixar-lhe os cabelos em pé (até cresce dois palmos), porquanto o seu ídolo, o habitante do Palácio de Belém, já deu mostras de que é favorável à lei, e se alguém tem dúvidas basta ter tomado atenção ao discurso do 5 de Outubro onde ele exortou o Poder Local a combater a corrupção.
É caso para dizer que o vento não sopra de feição a Marques Mendes e que a ventoinha de Belém teima em permanecer desligada.
Ou muito me engano ou o presidente do PSD não tardará a dizer que esta era a lei possível e necessária no momento que atravessamos e etc. e tal, basta para isso que o tio Aníbal lhe dê um leve puxão de orelhas.

Cada cavadela, cada minhoca. Este é o melhor lema para o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Encarnação.
Desta feita, foi a questão da designação de Coimbra a Capital Europeia da Cultura.
Disse o presidente que esta designação lhe tinha sido prometida pela Delegação Regional do Centro do Ministério da Cultura.
Afinal a designação ocorreu sobre Guimarães e a ministra desmentiu de imediato tal prometimento.
Foi a suspensão da co-incineração, foi agora a cultura, coitado do homem não acerta uma.
Aliás, não percebo a preocupação com a cultuta quando o vereador dessa área tem uma visão mais que redutora em tal matéria, lembremo-nos da "Escola da Noite" e ficamos de imediato esclarecidos.

Haja decência e respeito. O Governo definiu uma nova modalidade para quem tem mais de 23 anos e quer ingressar no ensino superior.
Não é preciso ter o 12.º ano, ou mesmo o 9.º ano que seja, basta tão só apresentar um curriculum profissional(?), fazer o exame de aptidão e, milagre dos milagres, somos logo alunos universitários. É tipo totoloto: fácil, barato, não dá milhões, mas dá canudos.
Claro que isto é indecente e uma falta de respeito para com quem queimou as pestanas durante 12 anos, para além de ser um convite ao abandono das escolas. Para quem tanto problema se depois dos 23 anos posso entrar com facilidade para a universidade? Sim que o curriculum profissional é coisa de somenos importância, basta um par de conhecimentos e o assunto está resolvido.
Com isto o Governo facilitou a vida ao cábula.
Mas este é só um aspecto da questão, porque outros aspectos há que são tão ou mais problemáticos.
Já foi publicamente assumido por quem de direito existeum elevado número de cursos espalhados por Universidades e Institutos que terão de ser extintos e isto porque, para além de não terem inscrições, também não têm saídas profissionais.
Esta situação veio colocar os cabelos em pé aos privados, embora os públicos também não fiquem alheios a esta problemática, porque tudo isto se traduz, verdadeiramente, na diminuição de verbas que somada à nova lei de financiamento provoca não "constipações", mas sim "pneumonias".
Ora com esta lei vão poder as instituições arrecadar mais verbas, sendo que o que na realidade vai acontecer é que o país fica cheio de canudos, mas mantém altos os níveis de iliteracia, ou seja: ignorantes, mas doutores. É caso como comprar um título da nobreza, chiquérrimo.
Se em vez de andarmos a brincar aos canudos e ao ensino superior podíamos e devíamos investir seriamente no ensino profissional.
Não aquele que é ministrado por muitas escolas profissionais, algumas mesmo com acordos especiais com os Centros de Emprego e a receberem balúrdios de subsídios e que mais não são do que centros de colocação de amigos, familiares e amigos dos amigos, onde nada se ensina e nada se aprende e onde somente importa a obtenção de um qualquer certificado.
O que o Estado devia era revitalizar as excelentes escolas comerciais e industriais que existiram, escolas que deram excelentes profissionais e que ainda hoje encontramos espalhados nos diversos ramos de actividade, até porque, tanto quanto sei, o problema português é a falta de mão-de-obra especializada.
Estou convencido que o Governo se vai arrepender desta Lei, temo é que seja tarde de mais.

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o Expresso bem pode querer fazer o favor ao sr. Primeiro Ministro, ao sr ministro da Educação Fernando Araújo e ao seu secretário de Estado ...