terça-feira, 3 de outubro de 2006

Ouvimos e pasmamos. Foi notícia no DN (secção de economia) de que o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo "se pudesse fechava a Portucel".
Achei curiosa a ideia do autarca.
Não percebi que o autarca quisesse ajudar a Portucel a ser uma empresa menos poluidora ou que tenha dito que fechava a Portucel mas tinha solução para os trezentos trabalhadores que laboram na empresa.
Vamos imaginar que a Portucel aproveita esta boleia e encerra a empresa, o que é que vai acontecer?
O autarca vai reclamar para o governo para evitar que a empresa encerre?
Os autarcas devem pensar em desenvolvimento sustentável.
Eu percebo que é urgente salvar o ambiente, mas e os trabalhadores das empresas?

A Johnson Controls é uma empresa americana que se encontra e risco de encerrar as suas portas quer em Nelas, quer em Portalegre.
Estas linhas não estão relacionadas com o encerramento propriamente dito, até porque a deslocalização das empresas estrangeiras é o prato do dia.
O que está em causa é o facto de os trabalhadores terem eles próprios avançado para as negociações sem que os sindicatos tenham tido palavra a dizer.
Esta situação pode ser reveladora de dois factores:
Primeiro: os trabalhadores estão já cáusticos relativamente a casos desta natureza e são por si só capazes de lutarem pelos seus direitos;
Segundo: os sindicatos foram, mais uma vez, ultrapassados.
Se o primeiro factor é positivo, o segundo deve dar-nos que pensar.
Não é a primeira vez que abordo esta matéria dos sindicatos nos tempos de hoje, mas voltemos lá mais uma vez.
Os sindicatos foram afastados desta temática porque, como é evidente iam encetar uma série de greves, bloqueios e outras formas de luta e que levariam a que os trabalhadores fossem despedidos na mesma e possivelmente com menor valor monetário.
É mais que altura de os sindicatos perceberem que são outros tempos, outras lutas, outros valores que estão em causa.
Talvez que se s sindicatos abandonarem o sistema monocórdico e abrirem os seus horizontes tendo em atenção o séc. XIX (e porque não o XXII), então sim o panorama sindical mudará por completo, sendo que é possivel que ele possa dar frutos já na altura dos nossos filhos.

A finalizar quero chamar à atenção para uma exposição que está em Lisboa e que é patrocinada pela AMARA (Associação pela Dignidade na Vida e na Morte). É uma exposição que pode, à primeira vista, chocar algumas mentes, mas na verdade trata-se de um conjunto de fotografias preciosas.
Penso que numa altura em que nos preparamos para discutir uma matéria proposta pela comissão de ética e referente à obrigatoriedade ou não de prestar terapêutica ou assistência médica contra a vontade do doente em casos terminais era de primordial importânca dar uma espreitadela ao conjunto de fotografias que compõe a exposição, sabendo de antemão que são fotografias tiradas a doentes terminais um mês antes de morrerem e após a sua morte.
Esta é uma matéria que importa discutir até porque morrer é a única coisa que temos certa na vida.
Deixo aqui o site de organização para quem deseje saber mais: www.amara-project.org e chamo a atenção para o dia 7 de Outubro que é o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos.

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