domingo, 7 de outubro de 2007

Algo que deve ser dito. A vitória de Luís Filipe Menezes no PSD veio provocar um sério problema ao partido.
O PPD original de Sá Carneiro foi à vida a partir do momento em que Cavaco chegou à liderança. Formaram-se uns grupos que tinham como fim último a chegada ao poder. Durão Barroso, Pacheco Pereira, Nogueira, Paulo Pereira Coelho, Calvão da Silva, Marques Mendes, Arnaut, Morais Sarmento, Ferreira Leite, Leonor Beleza e tantos outros que serviram devotamente Cavaco Silva, sempre na mira de um qualquer lugar ao sol. É gente que só se interessa pelo poder e só vive em função dele.
Foi pois este aparelho que foi derrotado nestas directas.
Como é evidente, esta derrota do aparelho partidário, significa também que as elites do cavaquismo foram encostadas às boxes e sendo assim existem, dentro do espaço político do PSD derrotados importantes, que, provavelmente, abandonarão a política e se não abandonarem o espaço político do PSD vão, pelo menos ficar em “hibernação” até que consigam vislumbrar alguma réstia de poder.
Desde Marcelo Rebelo de Sousa (que ficou muito desacreditado depois dos ataques a Ferreira Leite e a Duarte Lima e que hoje recebe um puxão de orelhas valente de Hermínio Loureiro) até Miguel Relvas, toda esta gente, que jogou contra Luís Filipe Menezes, dificilmente poderá ter lugar no futuro de um qualquer centro-direita em Portugal.Até mesmo o próprio cavaquismo, seja nas suas expressões tradicionais (Beleza, Ferreira Leite), seja nas suas versões mais actualizadas (o “Compromisso Portugal” de Alexandre Relvas, Carrapatoso e António Borges), acabou também por deixar de ter espaço para existir na política nacional. Seguindo esta lógica poderemos constatar que as elites do centro-direita vão existir somente nas universidades, fora da política, até que o PSD volte de novo ao poder e, apenas a partir daí, crie uma nova elite política, social e ideológica.Mas esta mudança não obriga a reposicionamentos somente dentro do PSD. Paulo Portas também ficou em apuros.
O “Paulinho” populista e demagogo só tinha penetração a Norte, já que a Sul o PC não lhe dá um milímetro que seja e se olharmos para Portas fora das feiras e de outros ajuntamentos, verificamos a sua insignificância e a prova disso mesmo foram as eleições para a Câmara de Lisboa.
Ora a Norte existe um novo líder nessa área do populismo, chama-se Luís Filipe Menezes e também não vai dar “abébias” ao Paulinho.
E Sócrates? Já aqui disse que face a algumas ideias proferidas por Menezes, Sócrates é o que está mais descansado. Mas isto não significa que possa estar descansado e algo vai ter que ser diferente.
É verdade que Luís Marques Mendes tinha “chateado” Sócrates com o caso da licenciatura e da Independente, mas era inofensivo para o Governo, não conseguia fazer passar a sua mensagem, para além de estar “refém” da Igreja Católica, de Belém e ainda de umas quantas elites académicas e económicas, sempre prontas e com maior empenho em negociar com a maioria socialista, em relançar o Bloco Central, ou ainda na Cooperação Estratégica do que propriamente em o ajudarem na oposição.
Ora um PSD mais populista, como fica a partir de agora, obriga o Governo a ser mais pedagógico na explicação das suas reformas, ou então a uma resposta mais eficaz na satisfação das classes médias.
Aliás não foi à toa que António Vitorino no seu comentário de segunda-feira na RTP, percebeu o que havia que mudar e avançou com o lema: "contra a demagogia usaremos a pedagogia".

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