É hoje
É hoje que Aníbal Cavaco Silva e durante alguns minutos, vai explicar que é e porque é que é candidato a Bélem.
Num espaço emblemático do seu "reinado" como primeiro-ministro - o CCB - o desde sempre candidato, mas só hoje assumido, vai dizer ao país aquilo que não disse enquanto o seu partido esteve no poder - excepção seja feita a Santana Lopes que ouviu o que não queria numa entrevista que Cavaco deu ao "Expresso".
Relegando para as "Kalendas" os dirigentes quer do seu partido quer dos partidos mais à direita e rodeado apenas de elementos do seu grupo de trabalho, o agora e desde sempre candidato vai afirmar-se como supra-partidário e marcar a agenda política da campanha.
O facto de ter gerido sabiamente o seu tempo faz dele um quase D. Sebastião (que, como sabemos, mais não foi do que uma figura mítica que em nada contribuiu - a não ser na desgraça - para este país).
Luís Delgado rejubilava hoje na sua habitual crónica do DN, dizendo que "...Cavaco conseguiu tornar-se num desejado, embora sem nenhuma aura messiânica, não só pela imagem de silêncio e tranquilidade com que passou estes últimos dez anos, como pelo reconhecimento colectivo, hoje maior do que nunca, de que o País nunca esteve tão bem como durante os seus mandatos." e ainda que "E esse reconhecimento vale tudo em eleições, particularmente quando a percepção colectiva é a de que o País precisa de um Presidente competente em todas as áreas, que exerça com rigor o seu papel constitucional, sem ideias de intervenções extemporâneas - como fizeram Soares e Sampaio - e que ajude o País e o Governo a reganhar confiança e esperança no futuro. Este tom, aliás, tem sido dado pelo próprio em várias situações e não escapará, pela certa, do seu discurso de hoje. Cavaco sabe que os portugueses estão desanimados, depressivos, à beira de um ataque de nervos e sem perspectivas animadoras. Isso dá-lhe todas as condições para ser o Presidente certo neste momento, mas sem que se veja nisso a ideia de que em Belém vai ser o centro de uma força de bloqueio à maioria e ao Governo. Para muitos a grande surpresa até vai ser essa: aparecer um Cavaco que ajuda e não perturba, que vigia mas não impede, que actua mas não interfere. Portugal precisa de um Presidente sólido, capaz, competente e sem uma ambição que o cegue."
A falta de memória é tramada e Luís Delgado padece dela.
Alguém acredita que Cavaco vai estar calado. A propensão para o poder supremo demonstrada enquanto primeiro-ministro ainda não saiu da cabeça dos portugueses. O facto de ele nunca se enganar nem ter dúvidas faz pensar que o futuro não nos augura nada de bom.
O branqueamento que muitos agora lhe fazem, incluindo o Luís Delgado, não é possível porque não há líxivia que chegue.
Afigura-se-me que é uma eleição para esquecer. Os candidatos que estão na linha de meta não são os que o país actualmente precisa.
Investigação
Decorrem mais umas investigações relativamente a fraudes. Bancos, off-shores, sociedades de advogados, tudo está a ser passado a pente fino. Acho muito bem. Só estranho que sempre que se fala em bancos o BES esteja à cabeça.
E já agora e ainda relativamente aos bancos: será que são os bancos propriamente ditos, ou elementos que estão dentro dos bancos? Se for o segundo caso é preocupante a fuga de informação verificada porquanto a imagem das intituições bancárias fica seriamente afectada, se for a primeira é caso para perguntar onde está a fiscalização do Banco de Portugal.
Uma palavra de louvor
É o que merece a AdC (Autoridade da Concorrência) pelo excelente trabalho que tem vindo a efectuar. O sector farmacêutico e das moagens que o digam.
Condene-se e mande-se publicar
A IGAE (Inspecção Geral das Actividades Económicas) fiscalizou, 260 estabelecimentos de restauração e ou de bebidas tendo instaurado 44 processos de contra-ordenação, encabeçados pela falta de asseio (14 casos). Paralelamente, e numa acção concentrada na zona sul direccionada para cantinas, creches e refeitórios, este organismo fiscalizou 35 estabelecimentos tendo instaurado 15 processos. Novamente a falta de asseio e higiene surgem em primeiro lugar, oito processos, seguidos pela falta de licença de utilização. Globalmente foram inspeccionados pela IGAE (números do seu relatório de Setembro) 1333 agentes económicos, instaurados 373 processos, sendo 36 por crime e 337 por contra-ordenação e encerrados oito estabelecimentos (cinco do ramo alimentar e três do ramo não alimentar, por falta de licenciamento e de condições de funcionamento).
É evidente que ficamos satisfeitos pelo desempenho da IGAE, só falta, para tudo estar perfeito, é serem publicitadas as entidades que foram objecto de processo. Julgo que é um direito dos consumidores.
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