segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Os erros de castings

Ontem foi dia de autárquicas.
Por isso e porque deixei assentar a poeira - até cairam umas pingas - para hoje, portador de dados concretos, avançar para os meus comentários.
Desculpem-me se acharem que não estou a ser imparcial, mas são números disponíveis no site do ministério da Justiça.
Vamos então ao que interessa.
O Partido Socialista perdeu as eleições e perdeu porque tem menor número de câmaras ponto final parágrafo. Mas se quisermos ser mais atentos aos números, veja-se em
http://www.autarquicas.mj.pt/CM/D23/
Olhando para o número de votos entre PS e PSD é curioso, não é.
E no que diz respeito a câmaras, ainda é mais curioso, porque nos Açores o PS ganha 2 ao PSD e não perde nenhuma, em Aveiro perde Aveiro e ganha Águeda, em Beja ganha Ourique, em Braga perde Póvoa do Lanhoso, em Bragança ganha Freixo de Espada-à-Cinta, em Castelo Branco ganha Proença-a-Nova, em Coimbra perde Arganil e ganha Mira e Soure, em Faro ganha Faro e perde Vila real de Santo António, na Guarda ganha Vila Nova de Foz Côa, em Leiria perde Figueiró dos Vinhos e ganha Porto de Mós, em Portalegre perde Marvão, no Porto ganha Baião, em Santarém perde Santarém, em Viana do Castelo ganha Ponte da Barca e em Viseu perde Vila Nova de Paiva. Este perde e ganha é somente entre PS e PPD/PSD, não há muletas. Ou seja o PS ganha 13 câmaras ao PSD e perde 8 para este.
É claro que os números ainda dão análises mais curiosas e se alguém quiser aprofundar os números é só clicar em http://www.autarquicas.mj.pt/Eleicoes
Mas durante a noite eleitoral vi muitos erros de casting, alguns dos quais nos devem preocupar.
Ouvi muitas vezes a expressão "candidatos-arguidos", mas não me apercebi dos nomes de Isabel Damasceno ou até mesmo de Joaquim Raposo. Terá sido lapso meu ou estes candidatos já ultrapassaram a situação problemática que tinham com a justiça.
Ainda sobre estes candidatos apraz-me dizer que a partir destas eleições é o vale tudo, porque é possível toda e qualquer pessoa candidatar-se, mesmo que possuam situações menos claras, já que a imunidade dá para tudo (nesta mesma senda peço ao sr. Presidente que antes de terminar o mandato dê uma ajuda na inversão do ónus da prova para estes casos e deixe lá os magistrados clamarem). Gostei ainda de ver Fátima Felgueiras a acusar a PJ (era disso que se tratava).
Curioso foi também ver os candidatos do PSD do Porto e de Cascais a namorarem a CDU, o tal partido que concorre somente para derrotar a direita e mostrar cartões aos governos. Saliente-se que os vereadores da CDU não se fazem rogados (veja-se Gouveia Monteiro em Coimbra e Rui Sá no Porto, não percebo mesmo como é que fizeram campanha contra Carlos Encarnação e Rui Rio, respectivamente).
Também se verificou ontem que Ribeiro e Castro não é o líder que o CDS/PP quer. Os comentadores do CDS nos vários canais televisivos deixaram isso bem implícito.
Já que falo em canais televisivos devo também dizer que a TVI ganhou as autárquicas, sendo que um dos debates interessantes ocorreu na SICNotícias (teria valida a pena que esse debate ocorresse na SIC generalista).
Mas julgo que o maior erro de casting ocorreu com Mário Soares. Mais uma vez este senhor violou a lei eleitoral. É mais do que tempo de alguém lhe dizer que o seu papel fundamental na democracia portuguesa, que é inegável, não lhe dá o direito de cometer este tipo de asneiras. E mais se de facto pensa ser candidato presidencial deve pautar-se por um comportamento sem mácula, caso contrário corre o sério risco de afastar os poucos apoiantes que ainda tem.
Talvez ontem se tenha iniciado um novo ciclo político. Marques Mendes fez passar a mensagem de que é o grande vencedor e que o país tem uma política alternativa protagonizada por ele, mas os números dizem que sem muleta isso não é verdade, para além disso "Santana continua por aí e Menezes também".
Após tanta coisa séria, fica aqui uma nota de humor. Viram bem que é que inundou a sede de candidatura do Carmona Rodrigues? Aquilo era mesmo uma sede de candidatura ou era algum evento da Caras, da VIP, ou da Lux. De concreto o que é que muita daquela gentinha fez por Lisboa, a não ser passear-se por algumas discotecas, assistir a desfiles de moda, ou organizar "chás dançantes".

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