sexta-feira, 23 de março de 2007

Já era difícil, mas ultimamente... A maioria dos políticos é olhada pelo povo português com desconfiança e porquê, porque de quando em vez (mais vezes que quandos acrescente-se) esse mesmo povo é confrontado com atitudes, declarações, enfim uma série de panóplias por parte dos políticos que lhes retira credibilidade e os enterra ainda mais no escalonamento societário.
De certeza que estão a pensar "mas que raio de conversa". Mas isto tem uma razão de ser.
Juntemos três histórias distintas.
As atitudes e linguagem a que assistimos no final do Conselho Nacional do CDS/PP e que pelos vistos(acreditando nos diferentes relatos) aconteceu durante esse mesmo Conselho. E como se tudo isto não bastasse as declarações a posteriori quer de dirigentes com responsabilidade quer as declarações perfeitamente abstrusas de um senhor deputado sobre atitudes racistas ou coisa que o valha.
Passemos agora à entrevista de Valentim Loureiro que, para mim, só veio confirmar o que a justiça diz, para além de que esta entrevista caiu que nem sopa no mel, se bem que Judite de Sousa não lhe tivesse aparado os golpes que ele levava preparados.
Por último analisemos a questão da licenciatura de Sócrates, não pela licenciatura em si, mas pelo que já motivou. É público que a Universidade Independente atravessa uma fase complicada da sua vida (não entendo aliás a demora de Mariano Gago em resolver a questão). Mais pelo que as partes tem dito, facilmente se chega à conclusão de que lá dentro deveria ser uma balbúrdia. Sendo assim não acredito que somente o dossiê da licenciatura de Sócrates esteja nas condições descritas pelo jornal "Público".
Mas a questão não se prende com a licenciatura em si mesma. A questão prende-se com o facto desta matéria já ter servido de arma de arremesso político por parte do PSD e somente por parte deste partido, já que os outros acharam por bem possuir mais conhecimentos para posteriormente se pronunciarem.
Estas três histórias são bem ilustrativas do modo de alguns fazerem política. E é esta forma de fazer política que não só permite rotular os políticos, mas também agrava este profundo divórcio que existe entre o povo e os seus políticos.

Com formadores assim... Deixo-vos a análise feita pelo JN a uma conferência onde a oradora foi Júlia Pinheiro. Depois admiramo-nos dos conhecimentos dos licenciados...

Repita lá se faz favor. O Seminário sobre Estratégias Comerciais, organizado pela Development Systems, e que ontem decorreu, serviu para Luís Mira Amaral acusar as empresas de serviços públicos, designadamente de electricidade, gás e comunicações, de terem preços elevados e problemas de qualidade do serviço, afirmando mesmo que essas empresas têm "lucros fabulosos à custa do mercado doméstico".
Mas Mira Amaral não se ficou por aqui, acrescentou que as pequenas e médias empresas também "andam escamadas com PT, EDP e companhia", referindo que a falta de qualidade do serviço "está a acontecer em todo o país com total impunidade".
Para Mira Amaral, os gestores têm "a visão do marketing e das apresentações powerpoint" e "esquecem-se de que há redes físicas para operar". "Só são admitidos financeiros e homens do marketing; engenheiros, zero", criticou ainda Mira Amaral, que reafirmou que "há mais vida além do mercado de capitais", tendo ainda criticado "a degradação da qualidade técnica" em empresas de prestação de serviços públicos.
Agora vamos à outra face da moeda. Sabem quem é este senhor? Eu passo a explicar.
Luís Mira Amaral foi ministro da Indústria e Energia no tempo de Cavaco Silva, quem diria! Vejam como ele hoje se descarta da culpa que também tem nesta matéria.
Mas não fiquemos por aqui. Diz ele que hoje só são admitidos financeiros e homens do marketing e que engenheiros zero. É capaz de ter razão, mas talvez seja para contrastar com os engenheiros que ocupam o lugar dos financeiros. Atente-se no excerto do Curriculum:
Técnico Banco de Fomento Nacional (1979-84).
Presidente do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (1984-85).
Responsável Banca de Investimentos do Grupo BFE (1996).
Administrador do Banco Português de Investimento, S.A. (Grupo BPI) (1998-2002).
Presidente da Comissão Executiva do Banco de Fomento, SARL (Maputo),
Presidente da Comissão Executiva do Banco de Fomento (Luanda)
Administrador não executivo do Banco Post (Roménia) (1998-2002).
Administrador não executivo da CIMPOR - Cimentos de Portugal, SGPS, SA, da UNICER, SA, da VISTA ALEGRE - ATLANTIS, SA, da REPSOL PORTUGAL - Petróleos e Derivados, SA , da TVTEL - Grande Porto, Lda. (1997-2002), da ELECTRICIDADE DE PORTUGAL (2004). Administrador da Sociedade Portuguesa de Inovação, SA.
Vice Presidente da Caixa Geral de Depósitos (Nov.2002-Abril 2004).
Presidente Executivo da Caixa Geral de Depósitos (Abril 2004-Outubro 2004).
Aliás foi desta instituição que Mira Amaral saiu com uma reforma de 18 mil euros em Setembro de 2004. Na altura, segundo cálculos de sindicalistas, Mira Amaral acumulava uma pensão como deputado (1,8 mil euros) e como líder executivo da CGD (mais de 16 mil euros).
Comentários?!....

Sem comentários:

não sei porquê (ou até sei) mas parece que é preciso ajudar Marcelo a terminar o mandato com dignidade