quinta-feira, 29 de maio de 2008

Parece que Manuel Alegre só agora nasceu. De repente alcandorou-se a defensor último das classes mais desfavorecidas. E logo ele.
Não sei onde esteve desde Abril até agora, ou se calhar até sei: esteve sentadinho no seu lugar de deputado, calmamente, sem fazer muitas ondas à espera que o Partido Socialista um dia o carregasse em ombros.
Como se quis andar teve de ser pelo seu próprio pé, hoje dispara a torto e a direito julgando-se a consciência crítica do PS.
Não sei porquê, mas faz-me lembrar aqueles miúdos que por não irem passear, fazem birra e desarrumam a casa toda.

Mas vamos lá ao debate de ontem. Se o da TVI tinha corrido mais ou menos, o de ontem na SIC correu muito mal.
Manuela Ferreira Leite esteve mal, muito mal mesmo. Sem ideias, com um discurso monocórdico que nada traz de novo, para além de que nas mesmas circunstâncias alinha com a actual política, em circunstâncias diferentes é um desastre (a criação do IMI, a titularização das dívidas à banca, etc e etc.), para além de não conseguir articular qual é a sua matriz social-democrata, o que é grave.
Patinha Antão foi conciso, acutilante q.b., só que daí a ser líder do PSD vai uma distância muito grande e fica-me a dúvida como é que ele está disposto a abdicar de 900 milhões de um lado, mais 300 milhões de outro e ainda mais 300 não sei de onde. São muitos milhões para se perder, numa altura em que os orçamentos são contados quase ao cêntimo.
Pedro Passos Coelho é o resultado de um trabalho de montagem muito bem elaborado, só que é um trabalho oco, só tem fachada. A sua única preocupação é descer o nível fiscal. Para ele tudo passa por aí e não é necessário mais nada, aliás por muito vastas que sejam as questões, a resposta é sempre só uma: a carga fiscal. Em matéria de populismo e de demagogia faz um duo espectacular com Portas.
Quanto a Pedro Santana Lopes pouco há a dizer. É deveras conhecido pela sua acção governativa quer a nível autárquico, quer a nível do poder central, sendo que não existem boas recordações da sua acção, mas para o PSD talvez seja o líder ideal, já que será capaz de colocar na ordem o partido que, como ontem se viu, é - e parafraseando o saudoso Acácio Barreiros enquanto deputado da UDP - um saco de lacraus que se mordem entre si e vêem quem fica vivo para vir morder o povo.

Então não é que a "Visão" foi mais rápida que a Autoridade da Concorrência.

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