terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Uma excelente matéria para ser discutida na homilia do próximo domingo. Apesar de alguns dizerem que as sondagens não servem para nada, que são meros indicadores de opinião, etc. e tal - embora só digam isto quando elas lhes são desfavoráveis - eu sou dos que aceitam as sondagens como indicadores preciosos e reveladores.
Vem isto a propósito da sondagem realizada pela Marktest para o Diário de Notícias e TSF , sondagem essa que tinha por base duas questões:
primeira: O PS vai apelar ao "sim" no referendo. Se o "não" ganhar, considera que o Governo será penalizado?
segunda: Concorda ou não que, na defesa dos seus princípios, a Igreja católica se envolva directamente na campanha do referendo?




As respostas são curiosas e não me surpreendem.
Como é evidente se o "não" vencer, o que não acredito, não está em causa o Governo, nem poderia estar, porquanto uma coisa é governar outra coisa é o referendo ao aborto.
Já a resposta relativamente ao papel da Igreja merece outra análise.
A maioria dos inquiridos defende que a Igreja Católica não deve envolver-se activamente nesta campanha. Especificando podemos verificar que quanto ao papel da Igreja são precisamente as classes mais altas que se mostram tolerantes com o envolvimento da instituição na campanha (46,2%), contra os 50,9% deste estrato que não querem ver a Igreja envolvida.
O fosso agudiza-se no Grande Porto e na Grande Lisboa onde a percentagem dos que entendem que a Igreja não se deve envolver ultrapassa os 60% dos inquiridos.
Isto quer dizer que a Igreja está arredada do povo, não lê as suas vontades e o seu querer. Teima em avançar desabridamente e de forma egoísta.
É uma excelente oportunidade para a Igreja repensar o seu papel e os seus actos na sociedade. Talvez seja tempo de a Igreja pensar em realizar um novo Concílio Vaticano II adaptado aos tempos que correm.
Sabemos que não é fácil, até porque quem se preparava para dar uma vassourada grande foi afastado para sempre (João Paulo I), mas se persistir em ignorar a realidade e olhar somente para o seu umbigo, chegará o tempo em que só terá mesmo o umbigo.




Sem comentários:

não sei porquê (ou até sei) mas parece que é preciso ajudar Marcelo a terminar o mandato com dignidade