Vem isto a propósito da sondagem realizada pela Marktest para o Diário de Notícias e TSF , sondagem essa que tinha por base duas questões:
primeira: O PS vai apelar ao "sim" no referendo. Se o "não" ganhar, considera que o Governo será penalizado?
segunda: Concorda ou não que, na defesa dos seus princípios, a Igreja católica se envolva directamente na campanha do referendo?
As respostas são curiosas e não me surpreendem.
Como é evidente se o "não" vencer, o que não acredito, não está em causa o Governo, nem poderia estar, porquanto uma coisa é governar outra coisa é o referendo ao aborto.
Já a resposta relativamente ao papel da Igreja merece outra análise.
A maioria dos inquiridos defende que a Igreja Católica não deve envolver-se activamente nesta campanha. Especificando podemos verificar que quanto ao papel da Igreja são precisamente as classes mais altas que se mostram tolerantes com o envolvimento da instituição na campanha (46,2%), contra os 50,9% deste estrato que não querem ver a Igreja envolvida.
O fosso agudiza-se no Grande Porto e na Grande Lisboa onde a percentagem dos que entendem que a Igreja não se deve envolver ultrapassa os 60% dos inquiridos.
Isto quer dizer que a Igreja está arredada do povo, não lê as suas vontades e o seu querer. Teima em avançar desabridamente e de forma egoísta.
É uma excelente oportunidade para a Igreja repensar o seu papel e os seus actos na sociedade. Talvez seja tempo de a Igreja pensar em realizar um novo Concílio Vaticano II adaptado aos tempos que correm.
Sabemos que não é fácil, até porque quem se preparava para dar uma vassourada grande foi afastado para sempre (João Paulo I), mas se persistir em ignorar a realidade e olhar somente para o seu umbigo, chegará o tempo em que só terá mesmo o umbigo.
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