Cá estou eu de novo. Nestes dias que passaram em branco muita água correu por baixo das pontes e isto não foi só em sentido figurado.
Vamos então a isto.
Quem com ferros mata, com ferros morre. Este velho ditado popular assenta que nem uma luva sobre o facto do Tribunal de Contas não dar luz verde ao pedido apresentado pela Câmara de Lisboa para contrair um empréstimo de 360 milhões de euros para saldar as dívidas a fornecedores.
Não que a Câmara tenha culpa disto, a única culpa da Câmara é ter dado albergue a uma série de gastadores de primeira que de asneira em asneira promoveram a insolvência da mesma. O caricato é que a Lei que serve de fundamento ao TC é do ex-ministro e actual presidente da CML, o socialista António Costa.
Claro que quem fica entalado com tudo isto são os credores, que já tinham esfregado as mãos de contentamento e agora vêem a vida a andar para trás.
Mas esta questão tem mais alguns pontos interessantes.
Comecemos por Carmona Rodrigues, ex-presidente da CML e hoje vereador independente. Diz o referido senhor considerou que o chumbo é «preocupante porque vai atrasar mais o saneamento financeiro», para além de que é «preocupante» por atrasar o pagamento das dívidas aos fornecedores.
Mas engalanado no verbo avançou dizendo «tínhamos razão quando criticámos o montante do empréstimo», que «sempre criticámos por se tratar de um pedido de empréstimo puro, a 10 anos e com dois anos de carência. O plano tinha de ter medidas para a Câmara preparar um novo equilíbrio financeiro ao fim desses 10 anos, com uma reformulação de despesas e receitas», para além de que o plano de saneamento financeiro proposto por Costa é «muito incipiente, quase vago», faltando no documento «medidas que visassem um reequilíbrio financeiro».
Carmona defende que a solução passe por uma «reformulação do pedido, tem de ser mais bem fundamentado com uma política clara de receitas e despesas para os próximos dez anos» e que concorda com a solução de transformar as dívidas a fornecedores, a curto-prazo, em dívidas a médio-prazo, através da contracção de um empréstimo junto da banca, uma possibilidade em que o seu executivo já estava a trabalhar antes da queda da câmara, em Maio.
Como não era já suficiente este rol de asneiras, veio o vereador social-democrata Fernão Negrão alardear que tinham avisado e que ninguém quis ouvir.
E como o ramalhete ainda não estava composto veio o PSD, pela voz do presidente da Assembleia Municipal, Saldanha Serra, recordar os alertas dos sociais-democratas: «preferíamos não ter razão neste assunto mas desde a primeira hora que o PSD alertou para este empréstimo e para a forma como estava a ser construído. Nunca fomos contra o empréstimo mas contra a forma como estava a ser elaborado, mas ninguém nos ouviu».
O autarca do PSD diz mesmo que os sociais-democratas estão «preocupados porque isto significa que se perdeu tempo» e agora vai ser mais difícil «encontrar uma solução financeira e pagar as dívidas do município».
Sendo assim, o PSD espera que António Costa apresente soluções para resolver os problemas financeiros. «Quem tem de assumir isto é António Costa e o executivo socialista porque foram eles, sem ouvir ninguém, que apostaram nesta solução».
Onde está o decoro desta gente?! Só falta vir Santana Lopes.
E que tal se estes senhores pedissem desculpa por terem deixado a Câmara chegar a este ponto.
Que tal se em vez de criticarem dissessem: gastámos, delapidámos, fomos megalómanos.
Para estes artistas recomendo a leitura de um artigo de Luiz Carlos Bresser-Pereira publicado na Folha de S. Paulo a 10.4.2006 ou o de Paulo Roberto de Almeida publicado na revista Espaço Acadêmico.
Sócrates foi à SIC. Num dia em que o mau tempo se tornou a notícia mais importante, aconteceu a entrevista do primeiro-ministro na SIC.
Assistimos a um primeiro-ministro bem preparado, que demonstra conhecimento de todas as matérias e que soube usar primorosamente os números.
Um pouco aflito com a saída de Correia de Campos, alguma indisposição com os professores e uma ausência temática que não é culpa dele: a justiça.
Para além disso assistimos a um político sem adversários (o PSD porque ainda não se encontrou a ele próprio e porque a sua última passagem pelo governo teve más consequências para todos), o CDS/PP porque afundado em escândalos tenta manter-se à tona de água, o PCP porque continua igual a si próprio e o BE que nada mais é do que um grupo de amigos que degustam lagosta e caviar ao mesmo tempo que trocam umas frases lidas nos manuais trotskistas.
E assim caminha este país.
E porque falei de professores gostaria de deixar aqui bem expresso que como pai apoio incondicionalmente a avaliação de professores e contesto as medidas cautelares que impedem isso mesmo. Estou mesmo convicto que nesta matéria os tribunais ao aceitarem esta acção estão a violar o conceito de separação de poderes que tanto para si reclamam. A avaliação de professores é uma medida política do foro governativo, logo fora da alçada jurisdicional.
Mas voltando à questão importa referir que nós pais temos direito que os professores dos nossos filhos sejam avaliados como em qualquer outro caso. Importa e é urgente separar o trigo do joio.
Não é professor quem quer, mas sim quem sabe e lamento dizê-lo, mas andam por aí muitos que não sabem ser professores quer na questão académica quer na questão humana.
Mais me apraz referir que estou contra o recuo do Governo em matéria de gestão escolar. As escolas precisam de uma gestão especializada e o facto de já ser possível aos professores presidirem ao Conselho Geral (futuro órgão de direcção das escolas) deita por terra essa gestão especializada, bem como continua a dar possibilidades à existência de vícios de forma.
Por fim vamos à intempérie. É verdade que a pluviosidade atingiu valores muito além dos normais, mas tal facto não é só por si bastante para provocar o caos, as perdas económicas e humanas que se vereficaram.
Portugal assistiu a um crescimento desordenado fruto da gula de uns quantos que menosprezaram quer a ciência, quer a própria natureza. Atulharam-se ribeiros, desviaram-se linhas de água, secaram-se lençóis freáticos, arrancou-se vegetação, destruiram-se pontões naturais, espalhou-se cimento e alcatrão sem uma ponderada análise.
Mas como se isto já não bastasse, acharam por bem não investir em sistemas de escoamento e drenagem alternativos ou mesmo a cuidar dos existentes limpando e conservando.
O resultado aí está. Vidas que se perdem, milhares de euros de prejuízo.
A finalizar deixo aqui que o PSD inviabilizou esta manhã a possibilidade de Jorge Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto irem ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre as polémicas que envolvem o BCP e a actuação do Banco de Portugal enquanto entidade de supervisão.
Mário Patinha Antão, pelo PSD, considerou que com a presença de Filipe Pinhal no Parlamento, amanhã à tarde, se "fecha um ciclo" e que, por essa razão, "não fazia sentido" prolongar as audições ouvindo os dois antecessores de Pinhal.
Revertendo isto para linguagem normal é assim: o PSD só precisa de Pinhal para tentar apanhar Constâncio.
Ouvir Teixeira Pinto nunca, não vá este membro do XII Governo Constitucional, presidido pelo Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, onde desempenhou funções de Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, entre 5 de Novembro de 1991 e 18 de Março de 1992, e de Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, entre 19 de Março de 1992 e 28 de Outubro de 1995, cargo que acumulou com as funções de Porta - Voz do Governo, ter alguma coisa para dizer que ilibe por si só o Banco de Portugal e o seu governador.
Com esta atitude o PSD mostrou que mais uma vez está com uma postura de pouca seriedade nesta temática.
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