terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Guantanamo. É urgente que sejamos devidamente esclarecidos sobre o caso dos prisioneiros de levados para Guantanamo. O recente relatório da Organização Não Governamental inglesa REPRIEVE é avassalador para Portugal.
Todos nós estamos plenamente conscientes de que Guantanamo é uma vergonha para os americanos e para todos aqueles que os acompanharam na invasão do Iraque.
Agora uma coisa é acompanhar a invasão, tal como fez Portugal, outra coisa é, como diz Clive Stafford Smith Director-Gegal da organização, «nenhum destes prisioneiros poderia ter chegado a Guantanamo - e sido sujeito a seis anos de abusos - sem a cumplicidade portuguesa e existem ainda várias dezenas de homens que poderão enfrentar a pena de morte após terem sido transferidos pelos Estados Unidos através de jurisdição portuguesa» e reafirmou ainda que as investigações «demonstram que Portugal desempenhou um papel de apoio de relevo no amplo programa de transferência de prisioneiros» e, «pelo menos, nove prisioneiros transportados através de jurisdição portuguesa foram cruelmente torturados em prisões secretas espalhadas pelo Mundo antes da sua chegada a Guantanamo».
Face a estas declarações, o nosso país não se limitou a fechar os olhos, participou activa e conscientemente. E isto é de uma gravidade profunda.
Para um povo que foi pioneiro na abolição da pena de morte, que viu muitos dos seus filhos serem cobardemente torturados e eliminados por uma polícia política perfeitamente déspota, estas revelações provocam o reabrir de feridas que embora não completamente saradas, apresentam uma evolução deveras importante.
Claro que o tema deu logo aproveitamento. A esquerda (Bloco e PCP) na ânsia de marcar terreno agitaram de imediato o fantasma do inquérito parlamentar (como se tal fosse a solução), já a direita foi diferente. O CDS/PP disse que nada havia de novo e o PSD esteve calado. Pudera Barroso, Santana e Portas também são chamuscados.

Repitam lá, que eu não percebi. Já não era suficientemente caricato o facto de um partido monárquico ter feito aliança com um republicano para poder ter deputados na Assembleia da República, veio agora o deputado monárquico dizer que pretende que a Assembleia da República (AR) "reabilite a memória" do rei D. Carlos, aprovando sexta-feira um voto de pesar pela sua morte há 100 anos.
Tenho visto muita reviravolta, muito contorcionismo, muita manipulação, mas mau grado será se chegar ao ponto de ver uma Assembleia da República a reabilitar um rei. Será a subversão total do sistema e uma vergonha nacional.

Está aí de novo a co-incineração. Não me vou alongar muito sobre o tema, até porque já aqui explicitei o porquê de ser favorável.
Volto porque assisti no jornal das 13h da SIC às cobras e lagartos proferidos por Rui Berkemeier, mas antes assisti a uma explanação curiosa de José Manuel Palma, tendo mesmo apelado à Quercus e a autarquia de Setúbal para que regressem às suas posições e ajudem no acompanhamento do controlo especial para garantir que tudo está a decorrer como previsto.
Penso que só alguém que esteja de boa-fé faça apelos deste tipo. Mas o curioso da questão não advêm só disto. O curioso advêm de que este José Manuel Palma, assessor da Secil para o Ambiente, é o mesmo Palma que foi um dos presidentes mais fundamentalistas da Quercus.
Portanto o que é que se passou? Quem evoluiu, quem regrediu?!

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