quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O país perdeu ontem mais um excelente ministro da saúde e digo isto consciente do que esta afirmação poderá provocar.
Depois de Abril de 74 e não incluindo alguns anos, poucos, de movimentação revolucionária, Portugal só teve, em minha opinião dois bons ministros da saúde. Um foi Leonor Beleza que foi ministra da saúde no X Governo Constitucional (1985-1987) e no XI (1987-1991) e Correia de Campos ministro no XIV Governo (1999-2002) e no XVII (2005-29/01/08). Curiosamente os dois melhores ministros que estiveram na tutela da saúde acabam por cair por culpa da mesma pessoa: Cavaco Silva.
Leonor Beleza, porque Cavaco enquanto primeiro-ministro não a defendeu quando ela afrontou o lobie dos médicos e da outra vez por causa do escândalo do sangue.
Correia de Campos, porque Cavaco em vez de defender a modernização do sector da saúde preferiu criticá-lo no discurso de Ano Novo, isto sem contar com o "porta-voz" do Conselho de Estado, Marcelo, que pediu publicamente a cabeça do ministro.
Daqui a uns anos pode ser que estejamos todos a lamentar as reformas que ficaram por fazer. É a nossa sina. Mas o facto está em que cada vez que adiamos, estamos a enganarmo-nos a nós mesmos, e isso está à vista.
Alguém já se questionou o porquê de Champalimaud a ter colocado à frente da Fundação Champalimaud que é tão só uma fundação portuguesa de apoio à investigação biomédica?

Também de saída do Governo esteve a ministra da Cultura. De igual forma não sei se o tempo não será o melhor conselheiro para julgar o seu trabalho.
Para trás ficaram a exoneração da directora do Museu de Arte Antiga (criticada por Cavaco), a guerrilha com Berardo e com Saramago (sendo que aqui acho que foi uma armadilha que alguém lhe montou).
Quanto aos museus, penso que teve razão, aliás os museus subiram para segundo lugar, logo a seguir ao cinema, nos locais mais frequentados. Com Berardo fico pendente porque gosto imenso da colecção e acho que ela deve ficar aqui, o que poderá provocar alguma imparcialidade na minha apreciação. Já quanto a Saramago, estou convicto que ela não recebeu mesmo o convite (daí eu dizer armadilha).
Curiosamente nunca vi a esquerda a questionar o trabalho do secretário de Estado Mário Vieira de Carvalho, porque será?!

Critiquei aqui António Marinho por ele se ter ficado pela "vegetação", recusando-se a avançar com o nome das ervas daninhas, mas tenho que admitir que levar o mesmo discurso para a abertura do ano judicial é de elevada coragem e desejo de que o tema não caia no esquecimento.
Eu sei que o tema está na ordem do dia e merece a atenção redobrada de todos, mas julgo que o Bastonário da Ordem dos Advogados também deve olhar para algumas declarações dos seus pares e não deixar que elas se percam no tempo e no espaço.
Vem isto a propósito de umas declarações prestadas pelo advogado de Baltazar Nunes, pai biológico de Esmeralda. Diz Luís Martins (sobre o facto de o sargento Luís Gomes poder ter de vender a casa onde habita para pagar os 30 mil euros de indemnização a Baltazr) que não acha preocupante que o sargento possa ter de vender a casa se não conseguir angariar os 30 mil euros até porque "a menina já nem devia estar em casa deles há muito tempo".
É que a justiça não são só os juízes e os tribunais...

Ainda a propósito de justiça, seria interessante que todos, mas todos fizessem a leitura do discurso do Presidente da República na abertura do ano judicial.

Narciso Miranda deve estar a rir como um louco e não é para menos, outro tanto faria eu se lesse isto.

Sem comentários:

não sei porquê (ou até sei) mas parece que é preciso ajudar Marcelo a terminar o mandato com dignidade