sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Ontem foi dia de engulhos para o PS. Eduardo Ferro Rodrigues, ex-ministro de Guterres, ex-secretário Geral do PS e actual embaixador na OCDE decidiu, após três anos de silêncio, sair a terreiro para - eu diria - defender a sua "honra".
Importa desde logo salientar que Ferro é um homem vindo do MES (Movimento de Esquerda Socialista), tal como Jorge Sampaio entre outros, o que por si só será suficiente para que não seja um fã convicto deste socialismo mais social democrata.
Depois importa não esquecer que Ferro Rodrigues saiu zangado por Sampaio não ter avançado logo para eleições, deixando que Santana ocupasse o lugar.
Para além disso existe ainda a história da Casa Pia.
Tudo junto provoca-lhe um grande amargo de boca que ele pretendeu agora descarregar na entrevista.
Seria fácil para mim optar por uma de duas situações: ou criticava Sócrates, coisa que até está na moda e dá algum status, dando por isso inteira razão a Ferro, ou, pelo contrário carrego forte e feio em Ferro fazendo juz ao seu desconhecimento sobre o que se está a fazer e assumo com isso uma posição de pouca seriedade.
Não percorro esses dois trilhos.
Julgo que nem Ferro está a leste da situação, nem Sócrates está a fazer tão mal assim.
A minha opinião vai noutro sentido: o Governo tem alguma, para não dizer muita, dificuldade em que a sua mensagem seja apercebida, sendo que o erro está no emissor e não no receptor.
Por outro lado Ferro não tem razão quando fala nos governos de Guterres.
É hoje um dado adquirido que, e a começar no Cavaco e indo até Santana, se se tem avançado com as reformas, hoje seríamos um outro país e não tinha custado tanto.
Para terminar julgo que Ferro não tem margem para ajuste nem de contas e muito menos com a história, e porque é isto que eu penso, fica-lhe mal dizer "ninguém se esquece nunca de nada" porque isto significa vingança e isso a acontecer só se for dele próprio.

E por falar em Governo... O bastonário da Ordem dos Médicos responsabilizou ontem o Governo e o primeiro-ministro pela morte de uma idosa no Hospital de Aveiro, atribuindo a situação à sobrecarga da urgência, e ilibou a unidade de saúde e os profissionais.
Vamos lá ver se eu percebo: A doente, que apresentava dificuldades respiratórias, foi conduzida ao hospital por indicação do médico de família e acompanhada pelos Bombeiros de Albergaria, concelho onde residia cerca das 14horas. Após ter passado pela triagem, que lhe atribuiu uma pulseira amarela (situação urgente, mas não crítica) foi colocada numa maca, num corredor das Urgências, antes de lhe ser prestada assistência. Quando finalmente ia ser observada por um médico, pelas 17:45, três horas e 45 minutos depois de ter dado entrada, estava morta.
Claro que se a senhora foi por indicação do médico de família, devia levar alguma comunicação escrita e está instituído que estes doentes têm prioridade.
Mais, as declarações da directora clínica do hospital, Lurdes Sá, são caricatas, para não dizer absurdas: Disse a senhora: “A doentinha não foi vista atempadamente porque houve um grande afluxo de doentes nesse dia. Mal nos apercebemos de que estávamos perante um pico de afluência a equipa médica – de 43 clínicos – foi reforçada com mais dois elementos e foram abertas mais 12 camas no serviço de Medicina Interna para obviar o problema. Infelizmente não foi possível evitar este desenvolvimento”.
A doentinha?! O que é isso?
O sr. Bastonário deveria ter vergonha e ir saber in loco o que tinha corrido mal. Como é que foi feita a triagem e onde está o documento da médica de família.
Aliás, estou convicto que isto não é um caso nem de primeiro-ministro, nem governo, nem nada disso. Isto é tão só um caso de polícia por desrespeito pelas normas.

E já que falei em normas. Já aqui referi que esta lei de proibição de fumar chegou à máxima hipocrisia. E se acham que eu estou errado, basta atentar no caso do cidadão de Elvas que foi conduzido à esquadra onde foi identificado e levantado um auto de contra-ordenação que teimou em fumar, ontem à tarde, num café no centro histórico da cidade. Só lhe faltou ser presente ao juiz de instrução criminal.
Já com o investigador-mor da ASAE, apanhado a fumar depois da meia-noite no Casino do Estoril de 31 para 1, foi um deus-nos-acuda.
Agora é mesmo gala em qualquer telejornal ou noticiário fazer reportagens sobre os fumadores que estão à porta, à chuva e ao frio, como se de delinquentes se tratassem proibidos de entrar nos estabelecimentos.
De repente os fumadores deste país são equiparados a um bando de malfeitores ou então impregnados de peste, sendo-lhes retirado por isso o direito a permanecerem ao lado de qualquer pessoa.
Os não fumadores têm direitos, mas os fumadores também têm. Ponto final na hipocrisia.
Atenção eu deixei de fumar no dia 5 de Agosto de 2006 e fumei durante 36 anos (dos 9 aos 45), por isso estou perfeitamente à vontade para falar no assunto.

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