sábado, 19 de janeiro de 2008

Regra geral não existem muitas coisas com capacidade para me provocar uma ira profunda.
Às coisas que me chateiam procuro dar um qualquer toque de humor, para que alguns raios de luz penetrem na escuridão do dia-a-dia.
Agora que já fiz a minha divagação vamos à parte séria.
No espaço de vinte e quatro horas duas crianças faleceram. Uma a caminho do Hospital de S. Teotónio, em Viseu, outra ainda não se sabe se em casa, se junto ao Hospital de Anadia ou se a caminho do Pediátrico de Coimbra.
Morrerem dois bebés num espaço de um dia, já é algo de terrível, aproveitarem-se desse infortúnio para guerrilha política, social, a que for, é pura e simplesmente canalhice.
Sempre fui contra o aproveitamento da morte ou do(a) falecido(a).
O Rodrigo era um bebé de três meses e foi o segundo a falecer. De imediato o PSD, o PP e não sei se mais alguns vieram solicitar na AR inquéritos.
Como se não fosse cretinice quanto baste, decidiu ainda José Paixão do movimento “Utentes para a Saúde” e que tem promovido os protestos contra o encerramento das urgências da Anadia dizer que “aconteceu o que temíamos. Ainda por cima, com uma criança de três meses, que não tem culpa nenhuma disto”. Mas ainda não satisfeito avançou “se a urgência estivesse aberta, provavelmente o menino estaria vivo”, e fez questão de apontar “várias falhas”: por um lado, “a ambulância do INEM não tinha pessoal especializado”, por outro, “desencontrou-se com a viatura de emergência médica”.
Vou parar por aqui nas considerações tecidas e para terminar e por respeito à família deixo somente o desabafo do pai do Rodrigo que não se queixa das equipas de socorro “ acho que o menino já estava morto no berço”.
As lutas, quando sérias, têm regras.

Eu avisei. Acabaram os What Else? de Emídio Rangel. A crónica de hoje já muda de agulha e no fim, preto no branco, Rangel defende os seus seguidores. Acho muito bem.

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