quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Que grande abada e dupla ainda por cima. Cadilhe deve ontem ter perdido a vontade de fazer favores e alimentar guerrinhas que não são suas, para além de que neste "exercício" não conseguiu obter os mínimos para disputar mais tarde o Banco de Portugal.Cadilhe sai derrotado na sua pretensão de voto secreto por 77,45% votos contra e de 22,55% a favor e sai derrotado para a presidência do banco já que somente recebeu pouco mais de 2% dos votos contra os 97,76% da lista de Santos Ferreira (0,1% do capital votou contra).
Importa referir que estavam presentes na AG 71,49% do capital do banco, pelo que a candidatura de Santos Ferreira é aprovada por cerca de 70% do capital total do maior banco privado português.
Mas Cadilhe não está sozinho nesta derrota, acompanham-no Bagão Félix, Filipe Menezes, Marcelo Rebelo de Sousa, Pacheco Pereira, e todos aqueles que fizeram um ruído enorme em torno de Vara (verifica-se agora que esse burburinho era exterior ao BCP).
Talvez que isto tenha servido de lição a uns quantos artistas que por aí andam.
Os vencedores são naturalmente Joe Berardo, que ganha em quase todas as frentes, falhando só a eleição para o conselho de remuneração; Santos Ferreira que apesar de receber uma herança pesada (os processos do DIAP, Banco de Portugal e CMVM), recebe uma legitimidade soberba para avançar com o trabalho de recuperação do banco e o outro vencedor, claro está, é Armando Vara que apesar do tal ruído é agora de mostrar o porquê de número dois de Ferreira, para além de com esta eleição mandar às malvas a política.
A seguir deixo alguns comentários que me parecem curiosos:
Henrique Neto, Presidente da Iberomoldes - “Apesar de ser uma vitória previsível, fico satisfeito que a crise no BCP tenha chegado ao fim. A expressiva vitória de Santos Ferreira mostra um consenso por parte dos accionistas o que dá alguma garantia de estabilidade ao sistema financeiro português”.
António Nogueira Leite, Economista - “Como grande cliente considero que Santos Ferreira é uma pessoa de qualidade, equilibrada e de grande experiência. Poderá trazer a estabilidade ao BCP e ao sector financeiro. O que é importante para os agentes económicos, bem como para que as instituições funcionem.”
Mira Amaral, Economista - “Era o resultado já esperado e não me surpreendeu. Faço votos de que a unanimidade dos accionistas traga estabilidade ao BCP. Mas a meu ver, o grande desafio está agora a começar: conseguir manter esta coesão dos accionistas.”
Marcelo Rebelo de Sousa, Professor universitário - “Era uma vitória previsível depois de os grandes accionistas se terem virado para Santos Ferreira. Apesar do esforço e coragem de Cadilhe a sua votação foi condicionada pelo apoio do PSD. Num país em que poder económico e político andam de mão dada, foi também uma vitória para o Governo.”
Miguel Beleza, Economista - “Foi o melhor resultado, o que não significa que o novo presidente e os elementos da sua lista, sejam o ideal. Foi uma excelente lição para Cadilhe que sabe tanto de economia como eu de costura. Espero que o sector financeiro estabilize, mas não podemos esquecer a CGD.”
Luís Filipe Menezes, presidente do PSD - “O meu partido não se pronuncia sobre este tipo de questões, que têm a ver estritamente com o mercado. Não vou fazer aquilo que o Dr. Santos Silva tem feito ao longo destes quinze dias, ou seja, não me vou envolver neste assunto.”
Carlos Azeredo, um histórico do PSD - que já foi candidato a Presidente da República e a à Câmara Municial do Porto, considerou que a eleição de Santos Ferreira representa a entrega de uma instituição privada “a um Estado voraz e cada vez mais incapaz de resolver os problemas de Portugal”.

Agora vamos ao disparate. Sempre que alguns elementos do PSD alardeiam a questão da democracia e da liberdade eu fico perplexo. Recordo-me de pelo menos dois discursos na Assembleia da Republica, um de Paulo Rangel e outro de Zita Seabra que questionavam a falta de democracia e de liberdade impostas por este Governo e nomeadamente por Sócrates.
Afinal o que se passa é que essas chamadas de atenção não devem ser para o Governo, nem para o primeiro-ministro, elas devem destinar-se sim ao interior do PSD e do seu líder, senão vejamos:
- já referi que o grande inquisidor-mor Rui Gomes da Silva disse para os seus pares (deputados) e a propósito de alguma contestação que não se esquecessem que as listas de deputados ainda não estavam feitas;
- o próprio Paulo Rangel foi mandado calar por Santana Lopes;
- mas o cúmulo está na intromissão de Menezes na comunicação social. O líder do PSD argumenta que na SIC Notícias, o programa Quadratura do Círculo deveria acolher o socialista António José Seguro e um militante do PSD «para fazer a defesa ortodoxa» do partido «como Jorge Coelho faz do PS», na RTP se «à terça-feira fala o porta-voz do PS, então «à quarta-feira deveria falar o secretário-geral do PSD à mesma hora», para além de que e também na RTP se o social-democrata «Marcelo Rebelo de Sousa, que tem uma posição independente no seu juízo, fala ao domingo», então «à segunda-feira deveria falar Manuel Alegre», pois tem de haver «equidade no serviço público».
Primeiro: se o ridículo matasse Menezes no fim de dizer isto tinha caído redondo no chão.
Segundo: Menezes está a candidatar-se de certeza é a director de programas, mas vai tarde, porque a SIC tem o Nuno Santos e a RTP já tem o José Fragoso.
Terceiro: isto tal como fez a propósito da CGD é imiscuir-se no regular funcionamento de empresas quer públicas, quer privadas.
Quarto e último: quando um partido político tenta impor regras nos programas de comentadores, regras essas que nada têm a ver com os partidos políticos, então estamos perante uma atitude totalitária e monopolista.
Se isto é um candidato a primeiro-ministro então meus amigos digam lá o que quiserem, mas eu fico com o actual.

Santana Lopes. Ontem estive a assistir à entrevista de Santana Lopes ao programa "Dia D" da SICNotícias e se alguém tinha dúvidas de que o regresso à política só se verificou porque existem contas a ajustar quer com Sampaio, quer com Constâncio, quer mesmo com alguns correligionários seus, tirou-as de certeza. E mesmo Menezes não deve andar descansado.

Sem comentários:

e lá aconteceu o apresentar dos nomes para o Governo de Portugal. curiosamente verifico que os nomes fortes do governo são aqueles que sempr...